Poesia Matemática

Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.

Millôr Fernandes

Este espaço é para todos e todas que se interessam pela educação matemática! Em especial, aos cursistas do Pró-letramento da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ATENÇÃO CURSISTAS:

Estamos quase encerrando o nosso curso, por isso é fundamental que vocês:

- não faltem aos encontros;
- participem, com empenho, das discussões durante os encontros;
- realizem as atividades individuais;
- entreguem as atividades dentro dos prazos;
- mantenham o portfólio atualizado.

Faltam somente três fascículos: Tratamento da Informação, Resolução de problemas e Avaliação.Enriqueçam nossos encontros com as contribuições das práticas de vocês!

Abraços,
Equipe de tutoras

segunda-feira, 11 de julho de 2011

FASCÍCULO 5: GRANDEZAS E MEDIDAS

O ensino de grandezas e medidas é um campo vasto para o professor elaborar
atividades relacionadas com o dia-a-dia do aluno. Por ser tratar de convenções abstratas,
as unidades de medidas devem ser trabalhadas em situações práticas, com o auxílio de
instrumentos como relógio, calendário, balança e régua. Uma conversa com os alunos
antes de cada atividade é importante para ter conhecimento do grau de intimidade que
cada criança tem com o assunto tratado, e, a partir daí, elaborar atividades como: jogos,
trabalhos em dupla e pesquisa.
Desde a primeira série já é possível trabalhar com os alunos a noção de
comprimento, mas é mais proveitoso começar o ensino com as unidades não
padronizadas, pois o sistema de unidade medidas é construído pelo aluno a partir de
padrões arbitrários e próximos da sua realidade. Ter primeiro noção de distância e objetos
através de passos e palmos e comparar as estaturas dos alunos. Depois de desenvolver os
conceitos básicos, os alunos provavelmente já terão segurança suficiente para que se
introduza as medidas como metro e centímetro, perímetro e área.
As medições podem ser feitas de forma direta ou não. Num primeiro momento,
medir é comparar diretamente duas grandezas de mesma natureza, como colocar uma
régua graduada sobre um segmento para verificar o seu comprimento. Porém, num
estágio mais avançado, muitas vezes não é possível medir por comparação direta. Nesses
casos é preciso efetuar operações com outras medidas.
Antes de fazer qualquer medição, precisamos saber que tudo o que medimos tem
uma unidade, como, por exemplo, horas ou minutos para intervalos de tempo. Para obter
uma medida por comparação, o aluno precisa saber o que se quer medir, utilizando para
isso algum método geométrico e, em seguida, o método aritmético de contagem.
Segundo Piaget, a criança não se preocupa com medições até aproximadamente 9
anos. Muito antes, contudo, ela já se envolve com medidas, embora de modo bastante
informal. Para medir alguma coisa, comparam-na com outras coisas de mesma natureza,
embora ainda não sintam necessidade de expressar numericamente o resultado. Por
exemplo: ao verificar se é mais alta que o colega na fila, se a quantidade de refrigerante
que recebeu é igual à do irmão, etc. Algumas situações, porém exigem maior cuidado,
como nos casos, em que é fundamental a precisão das medidas. Aí torna-se necessário o
conceito de medida e suas aplicações. Pode-se afirmar que medir é comparar grandezas
de mesma espécie, sendo o resultado de cada medição expresso por um número.
Por isso, além da idéia de comparação, o mais importante no início do trabalho com
medidas no ensino fundamental é sensibilizar as crianças para que percebam a
importância de escolher a unidade de medida mais apropriada a cada situação.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

EMOCIONANTE!!!!

O filme indiano "Como estrelas na terra, toda criança é especial", diretor Aamir Khan, consegue ser simples e profundo, provocador e singelo, dramático e realista. Trata-se de uma obra de ficção que nos toca enquanto educadores e o nosso compromisso ético e político diante da diversidade. Todas as turmas do Pró-letramento de Matemática e também de Língua Portuguesa terão a oportunidade de assistir e discutir qual o papel da escola diante da inclusão. Não perca!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Abaixo vocẽs encontram o slide utilizado na discussão do fascículo 2, sobre campo multiplicativo.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – MATEMÁTICA


OPERAÇÕES COM NÚMEROS NATURAIS


MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO: SIGNIFICADOS


Uma abordagem freqüente no trabalho com a multiplicação é o estabelecimento de uma relação entre ela e a adição. Nesse caso, a multiplicação é apresentada como um caso particular da adição porque as parcelas envolvidas são todas iguais. Por exemplo:


Tenho que tomar 4 comprimidos por dia, durante 5 dias. Quantos comprimidos preciso comprar?


A essa situação associa-se a escrita 5 x 4, na qual o 4 é interpretado como o número que se repete e o 5 como o número que indica a quantidade de repetições. Ou seja, tal escrita apresenta-se como uma forma abreviada da escrita 4 + 4 + 4 + 4 + 4.

A partir dessa interpretação, definem-se papéis diferentes para o multiplicando (o número que se repete) e para o multiplicador (o número de repetições), não sendo possível tomar um pelo outro. No exemplo dado, não se pode tomar o número de comprimidos pelo número de dias. Saber distinguir o valor que se repete do número de repetições é um aspecto importante para a resolução de situações como esta.

No entanto, essa abordagem não é suficiente para que os alunos compreendam e resolvam outras situações relacionadas à multiplicação, mas apenas aquelas que são essencialmente situações aditivas.

Além disso, ela provoca uma ambigüidade em relação à comutatividade da multiplicação. Embora, matematicamente, a x b = b x a, no contexto de situações como a que foi analisada (dos comprimidos) isso não ocorre. Assim como no caso da adição e da subtração, destaca-se a importância de um trabalho conjunto de problemas que explorem a multiplicação e a divisão, uma vez que há estreitas conexões entre as situações que os envolvem e a necessidade de trabalhar essas operações com base em um campo mais amplo de significados do que tem sido usualmente realizado.

Dentre as situações relacionadas à multiplicação e à divisão, a serem exploradas nestes dois ciclos, podem-se destacar, para efeito de análise e sem qualquer hierarquização, quatro grupos:


Num primeiro grupo, estão as situações associadas ao que se poderia denominar multiplicação comparativa.

Exemplos:


Pedro tem R$ 5,00 e Lia tem o dobro dessa quantia. Quanto tem Lia?


Marta tem 4 selos e João tem 5 vezes mais selos que ela. Quantos selos tem João?


A partir dessas situações de multiplicação comparativa é possível formular situações que envolvem a divisão. Exemplo:


Lia tem R$ 10,00. Sabendo que ela tem o dobro da quantia de Pedro, quanto tem Pedro?



Num segundo grupo, estão as situações associadas à comparação entre razões, que, portanto, envolvem a idéia de proporcionalidade.


Os problemas que envolvem essa idéia são muito freqüentes nas situações cotidianas e, por isso, são mais bem compreendidos pelos alunos.

Exemplos:


Marta vai comprar três pacotes de chocolate. Cada pacote custa R$ 8,00. Quanto ela vai pagar pelos três pacotes? (A idéia de proporcionalidade está presente: 1 está para 8, assim como 3 está para 24.)


Dois abacaxis custam R$ 2,50. Quanto pagarei por 4 desses abacaxis? (Situação em que o aluno deve perceber que comprará o dobro de abacaxis e deverá pagar — se não houver desconto — o dobro, R$ 5,00, não sendo necessário achar o preço de um abacaxi para depois calcular o de 4.)


A partir dessas situações de proporcionalidade, é possível formular outras que vão conferir significados à divisão, associadas às ações “repartir (igualmente)” e “determinar quanto cabe”. Exemplos associados ao primeiro problema:


Marta pagou R$ 24,00 por 3 pacotes de chocolate. Quanto custou cada pacote? (A quantia em dinheiro será repartida igualmente em 3 partes e o que se procura é o valor de uma parte.)


Marta gastou R$ 24,00 na compra de pacotes de chocolate que custavam R$ 3,00 cada um. Quantos pacotes de chocolate ela comprou? (Procura-se verificar quantas vezes 3 cabe em 24, ou seja, identifica-se a quantidade de partes.)



Num terceiro grupo, estão as situações associadas à configuração retangular.

Exemplos:


Num pequeno auditório, as cadeiras estão dispostas em 7 fileiras e 8 colunas. Quantas cadeiras há no auditório?


Qual é a área de um retângulo cujos lados medem 6 cm por 9 cm?


Nesse caso, a associação entre a multiplicação e a divisão é estabelecida por meio de situações tais como:


As 56 cadeiras de um auditório estão dispostas em fileiras e colunas. Se são 7 as fileiras, quantas são as colunas?


A área de uma figura retangular é de 54 cm2. Se um dos lados mede 6 cm, quanto mede o outro lado?


Num quarto grupo, estão as situações associadas à idéia de combinatória.

Exemplo:


Tendo duas saias — uma preta (P) e uma branca (B) — e três blusas — uma rosa (R), uma azul (A) e uma cinza (C) —, de quantas maneiras diferentes posso me vestir?

Analisando-se esses problemas, vê-se que a resposta à questão formulada depende das combinações possíveis; no segundo, por exemplo, os alunos podem obter a resposta, num primeiro momento, fazendo desenhos, diagramas de árvore, até esgotar as possibilidades:



Esse resultado, que se traduz pelo número de combinações possíveis entre os termos iniciais, evidencia um conceito matemático importante, que é o de produto cartesiano. Note-se que, por essa interpretação, não se diferenciam os termos iniciais, sendo compatível a interpretação da operação com sua representação escrita. Combinar saias com blusas é o mesmo que combinar blusas com saias e isso pode ser expresso por 2 x 3 = 3 x 2.

A idéia de combinação também está presente em situações relacionadas com a divisão:

Numa festa, foi possível formar 12 casais diferentes para dançar. Se havia 3 moças e todos os presentes dançaram, quantos eram os rapazes?


Os alunos costumam solucionar esse tipo de problema, por meio de tentativas, apoiadas em procedimentos multiplicativos, muitas vezes representando graficamente o seguinte raciocínio:

Um rapaz e 3 moças formam 3 pares.

Dois rapazes e 3 moças formam 6 pares.

Três rapazes e 3 moças formam 9 pares.

Quatro rapazes e 3 moças formam 12 pares.

Levando-se em conta tais considerações, pode-se concluir que os problemas cumprem um importante papel no sentido de propiciar as oportunidades para as crianças, do primeiro e segundo ciclos, interagirem com os diferentes significados das operações, levando-as a reconhecer que um mesmo problema pode ser resolvido por diferentes operações, assim como uma mesma operação pode estar associada a diferentes problemas


ESTE TEXTO FOI REFERÊNCIA PARA A DISCUSSÃO DO FASCÍCULO 2

TEMA: CAMPO MULTIPLICATIVO


ABAIXO ALGUNS SITES INTERESSANTES PARA CONSULTA:

Mathema ( a Kátia Stocco Smole faz parte da equipe) -

http://www.mathema.com.br/default.asp?url=http://www.mathema.com.br/publicacoes/l_mat_lit_inf.html

Só Matemática -
http://www.somatematica.com.br/

TV Escola:
http://www.mec.gov.br/seed/tvescola

Educar e Aprender:
http:// educar e aprender.br

Zmais :
http://www.zmaisweb.com/novahome/

sexta-feira, 17 de junho de 2011